por Carlos Sena
A história começa em 2005, quando uma pessoa comum ganha um CD gravado com “As melhores do Sistem” e dessas músicas a melhor era apenas BYOB. Com o passar do tempo algumas outras músicas foram ficando legais, até perceber todas as 15 faixas eram realmente muito boas.
Gostar de System of a Down morando em uma cidade pequena dependia muito de uma internet discada pra ver vídeo clips ou da boa vontade da MTV.
De moeda em moeda (ou algo um pouco menos dramático que isso) o CD produzido pelo Nero foi substituído pelos CDs originais, que logo foram embora após uma chantagem de uma colega grávida e no último dia de aula do curso.
Anos se passaram, a tecnologia colaborou para que se pudesse conhecer mais de System of a Down, mesmo que no meio das faixas apareça um “ei migo, sabe o nome daquela música?…” acabando parcialmente da vibe da playlist.
Vieram turnês e Rock In Rio acompanhados pela TV e vídeos pela Internet (dessa vez com uma conexão um pouco melhor, um pouco…). Sempre aparecia os relatos de pessoas que simplesmente pegaram um avião e com a cara e coragem foram pra ver o System, e sempre admirei essa coragem mesmo não tendo essa atitude (e dinheiro também).
Mais anos se passaram, algumas coisas melhoraram e outras continuaram iguais (a falta de grana é uma delas), vieram o gosto por outras bandas , outros estilos , mas System continua sendo System mesmo com esse muito tempo sem disco novo, até porque nem precisa, porque o System continua sendo System.
Em um sábado começando o dia de trabalho, porque a escala 6×1 é implacável, chega a mensagem da minha irmã que em resumo foi “você viu? O System vai tocar em SP….você viu o preço do ingresso?”. Lembra da parte da falta de grana? Pois então…eis que (em resumo) a outra parte da conversa foi um “tá aqui as passagens, tá aqui o ingresso e só vai”. Oito dias depois lá estava eu no aeroporto pra ir, e aí…
Allianz Park lotado, hora chovia , hora parava de chover e horas depois nem importava mais. A expectativa da banda entrar no palco (e ver pelo telão), eis que eles aparecem e começam tocando Attack, nessa hora foi um jogo de cintura (e sorte também) manter o celular inteiro e fazer ele permanecer assim até o fim do show.
Todas as músicas do “As melhores do Sistem” estavam lá, valeu a tentativa de cantar todas elas mesmo sabendo que um inglês nível “popcorn icecream sinners” a única que saia certa era a parto do I-E-A-I-A-I-O (mas me conforta ver que ninguém conseguia cantar certo o Chop Suey!), quando tocou o BYOB memórias voltaram e eu era um daqueles que saíram de longe pra ver o System. Viver a experiência de ver Toxicity e o momento do “spinning round” de perto é uma coisa de outro mundo.
Ao fim todos sobreviveram, o celular inteiro e eu com dores no joelho (a idade chega pra todo mundo), o primeiro show da vida, a primeira viagem de avião, muitas fotos tremidas, vídeos mal gravados e uma história pra contar.
P.s – pelo lado otimista posso dizer que já estive a 10m do System of a Down, se você não ligar o fato que a comitiva que levou a banda pro estádio passou na minha frente.
P.s 2 – “ei banana, vai toma no c*”. Pra você isso não vai fazer sentido, mas saiba que no dia foi engraçado pra caramba
P.s 3- no momento em que você estiver lendo , saiba que os joelhos ainda doem um pouco.