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Análise: Letra de Romantic Homicide, de D4vd: Fim de relacionamento em um homicídio metafórico (ou não)

Lançada em 2022, “romantic homicide” levou o então artista independente d4vd (David Anthony Burke) às paradas com um indie-pop sombrio e minimalista, escrito e gravado no quarto. A canção virou fenômeno em vídeos curtos, trilhas de fan edits e playlists de “sad bangers” — muito por causa do seu gancho chocante: transformar o fim de um relacionamento numa imagem de homicídio metafórico.

Antes de qualquer coisa: recentemente o nome do cantor apareceu em noticiários por causa da morte de uma adolescente encontrada no porta-malas de um carro registrado em seu nome. A polícia investiga; ele não foi indiciado e, segundo relatos, tem cooperado e cancelou shows enquanto o caso segue em apuração. Esses fatos são externos à obra e ainda não estabelecem ligação do artista com o crime.


Significado da letra de Romantic Homicide

A música encena um rompimento como se fosse um crime psíquico: o eu lírico “mata” mentalmente a pessoa amada para sobreviver emocionalmente. O próprio d4vd já explicou em entrevistas que a morte é figurativa — “na minha cabeça” —, um curto-circuito afetivo que encerra, de vez, a expectativa e a idealização.

“I’m scared / It feels like you don’t care… / Why am I still here?”

Abertura de ansiedade e abandono: o narrador percebe indiferença do outro e questiona por que permanece preso a essa situação.

“I don’t mean to be complacent / With the decisions you made / But why?”

Ele reconhece que vinha sendo conivente com escolhas que o feriam. O “por quê?” é o gatilho de ruptura.

“In the back of my mind / You died / And I didn’t even cry / …I’m sick of waiting patiently / For someone that won’t even arrive”

Morte simbólica: no “fundo da mente”, o outro morre para que o narrador pare de esperar por quem não volta. O fato de “não chorar” reforça o esvaziamento afetivo: quando a frustração satura, o luto vira anestesia.

“In the back of my mind / I killed you / …I didn’t even regret it / …It’s true / I hate you”

Ele assume a agência: não foi só “você morreu pra mim” — eu te matei (em pensamento). Sem lágrimas, sem remorso: imagem extrema para comunicar fim definitivo e auto-preservação.

O choque das palavras “killed” e “homicide” é estético: a canção usa a violência como metáfora do desligamento psíquico após um amor unilateral. (E o contraste com o instrumental etéreo amplia o efeito.)

Letra de Romantic Homicide

I’m scared
It feels like you don’t care
Enlighten me, my dear
Why am I still here?
I don’t mean to be complacent
With the decisions you made
But why?

In the back of my mind
You died
And I didn’t even cry
No, not a single tear
And I’m sick of waiting patiently
For someone that won’t even arrive

Oh, oh, oh

In the back of my mind
I killed you
And I didn’t even regret it
I can’t believe I said it
But it’s true
I hate you

 

Conexão com as notícias recentes (com cuidado)

  • A narrativa de “romantic homicide” é interna e figurativa — d4vd já disse que não deve ser lida literalmente.

  • Em setembro de 2025, a polícia investiga a morte de Celeste Rivas, 15, cujo corpo foi encontrado em um Tesla registrado em nome do cantor; houve busca em um imóvel ligado a ele, e vigil pública pela vítima. Até agora, não há indiciamento; a equipe do artista afirma que ele coopera e cancelou turnês.

Por que mencionar isso? Porque muita gente tem re-escutado a canção projetando o caso real na letra. É compreensível, mas é crucial distinguir arte (metáfora) de fato (investigação em andamento). Qualquer associação direta seria especulação.


Popularidade e impacto

  • “romantic homicide” viralizou em plataformas de vídeo e levou d4vd a festivais e TV, marcando a estética lo-fi confessional da Geração Z.

  • Após as reportagens recentes, a faixa voltou a subir em reproduções e virou alvo de scrutinio público, ao mesmo tempo em que o artista suspendeu compromissos durante a apuração.


Legado

A música cristaliza um modo contemporâneo de falar de luto amoroso: curto, cru, hiper-sincero e com imagens fortes. Mesmo cercada por leituras controversas, “romantic homicide” permanece como estudo de limites afetivos — quando parar de esperar é o primeiro passo para seguir vivendo.


Se escolher, enfim

“romantic homicide” não normaliza violência; ela dramatiza o ato mental de matar um vínculo que já não te vê. É o relato de alguém que se escolhe, enfim, depois de esperar demais. Quanto às manchetes, a melhor postura é a prudência: ouvir a canção como metáfora — e acompanhar os fatos com fontes confiáveis, lembrando que não há acusações formais até aqui.