Viver de música ou sobreviver de bicos?
Todo músico já sonhou em tocar na Europa: guitarrista mandando riff em Berlim, cantor soltando voz em Barcelona, DJ queimando pista em Lisboa. Mas na hora de pagar aluguel e comer sem depender de marmita fria, bate a dúvida: qual país europeu dá pra viver de música sem virar lenda urbana do metrô?
Hoje vamos comparar Alemanha, Espanha e Portugal — três destinos favoritos dos artistas brasileiros — em custos de vida, cena cultural e oportunidades. A ideia é clara: descobrir onde você pode tocar e pagar os boletos sem precisar virar coach musical no TikTok.
O problema: achar que só talento paga contas
Não adianta: na Europa, talento sem grana é igual banda sem baixista — dá até pra continuar, mas o som fica esquisito.
Muitos músicos chegam confiando só no cachê de barzinho, e depois percebem que o custo de vida varia muito entre países. Resultado? Uns prosperam, outros viram figurinha repetida de grupo do Facebook “Brasileiros desesperados em Lisboa”.
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A solução: comparar sem romantizar
Pra escolher o país certo, não basta pensar em “onde tem mais festivais” ou “onde o clima é mais legal”. É preciso encarar três pontos:
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Custo de vida real (aluguel, transporte, comida).
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Oportunidades musicais (festivais, bares, editais).
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Burocracia e comunidade (facilidade de adaptação).
Portugal: o quintal acessível (e saturado)
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Aluguel: €800–1.200 em Lisboa/Porto.
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Custo médio mensal: ~€1.200.
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Cena musical: Rock in Rio Lisboa, NOS Alive e bares com música ao vivo.
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Prós: língua igual, adaptação fácil, comunidade brasileira enorme.
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Contras: mercado saturado, cachês baixos, e custo de vida subindo.
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Espanha: sol, tapas e festivais infinitos
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Aluguel: €1.000–1.400 em Barcelona/Madrid.
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Custo médio mensal: ~€1.400.
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Cena musical: Primavera Sound, Mad Cool, Sónar. País adora música ao vivo.
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Prós: diversidade de estilos, grandes festivais, mercado aquecido.
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Contras: custo intermediário, burocracia enrolada, idioma exige esforço.
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Alemanha: underground caro (e incrível)
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Aluguel: €1.100–1.600 em Berlim.
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Custo médio mensal: ~€1.600.
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Cena musical: Berlim é templo da eletrônica; Hamburgo e Munique têm cenas vibrantes de rock e clássica.
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Prós: apoio cultural forte, muitos espaços alternativos, público aberto ao novo.
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Contras: custo alto, burocracia germânica e idioma que desafia até backing vocal.
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Comparativo direto: onde é mais barato e mais viável?
País | Custo Médio Mensal | Cena Musical | Melhor Para… |
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Portugal | €1.200 | Festivais médios + bares | Iniciantes que querem adaptação fácil |
Espanha | €1.400 | Grandes festivais + diversidade | Artistas pop/indie que querem visibilidade |
Alemanha | €1.600 | Underground + eletrônica | Quem busca inovação e redes globais |
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Polêmica: vale pagar mais caro por mais oportunidades?
Se a ideia é só sobreviver tocando covers em barzinho, Portugal sai na frente.
Se você quer crescer na cena internacional, Espanha pode equilibrar custo e visibilidade.
Mas se seu foco é ser inovador e construir carreira global, Alemanha vale o investimento — mesmo sendo mais cara.
Minha opinião? Quem tá começando deve mirar Portugal ou Espanha. Quem já tem estrada, Berlim é parada obrigatória.
Checklist para escolher seu palco europeu
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Faça orçamento realista (moradia + comida + transporte).
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Pesquise a cena do seu gênero musical em cada país.
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Tenha plano de renda extra (freelas, aulas online, streaming).
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Se possível, teste morar 3 meses em cada país antes de decidir.
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Use cidadania europeia para circular sem vistos (ou busque o visto certo).
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Viver de música é estratégia, não sorte
Alemanha, Espanha e Portugal têm muito a oferecer, mas cada um com custos e desafios próprios.
O barato pode sair caro se você escolher só pelo preço, e o caro pode valer cada centavo se render oportunidades.
No fim, a pergunta não é só onde é mais barato viver, mas sim onde sua música vai encontrar plateia (e pagar os boletos).