liam gallagher

Oasis e a maldição do sucesso: a história por trás de “Wonderwall”

Quase 30 anos após seu lançamento, “Wonderwall”, do Oasis, tornou-se uma daquelas músicas que o mundo inteiro conhece — mas nem todo mundo aguenta mais ouvir. Seu inconfundível arranjo com quatro acordes é, para muitos, a primeira lição prática no violão. Já em festas, basta alguém pegar um instrumento que não tarda alguém gritar: “toca Wonderwall!”.

Virou piada. Virou meme. Virou o hino dos iniciantes. Mas também virou um clássico. Apesar das gozações, é inegável que “Wonderwall” é um dos maiores sucessos da música pop dos anos 1990 — e, para o bem ou para o mal, a maior herança da banda britânica. [Via Far Out Magazine]

A canção que o Oasis (aparentemente) não queria

Lançada em outubro de 1995 como parte do álbum What’s The Story (Morning Glory?), a faixa impulsionou o Oasis à fama global. Foi #1 na Austrália e Nova Zelândia, abriu as portas do mercado norte-americano e selou o álbum como um dos mais vendidos da história. Curiosamente, não alcançou o topo das paradas britânicas — ficou em segundo lugar, atrás de I Believe, da dupla Robson & Jerome.

Apesar disso, o sucesso estrondoso da canção não parece ter sido motivo de festa dentro da banda. Liam Gallagher, por exemplo, nunca escondeu seu desgosto: achava a música sentimental demais, suave demais. “Isso não é o Oasis”, chegou a dizer. Ele também criticou o fato de Noel Gallagher ter assumido o baixo na gravação no lugar de Paul ‘Guigsy’ McGuigan.

Sobre quem — ou o quê — é “Wonderwall”?

Na época do lançamento, Noel afirmou que a música era uma declaração de amor para sua então esposa, Meg Mathews. “Você talvez seja quem vai me salvar”, canta Liam, interpretando a letra do irmão. Mas após o divórcio, Noel recuou: “O verdadeiro sentido da música foi sequestrado pela mídia. E como dizer pra sua esposa que a canção não é sobre ela depois que ela já leu que é?”, disse em 2002.

Desde então, Noel insiste que a letra fala de um “amigo imaginário que vem te salvar de você mesmo” — uma figura que representa cuidado, esperança, amor. O título, aliás, veio do álbum solo de George Harrison (Wonderwall Music, de 1968), em mais uma das muitas homenagens do Oasis aos Beatles.

Uma herança inevitável

A música foi gravada no Rockfield Studios, no País de Gales, em maio de 1995. O título original seria “Wishing Stone”, mas Harrison acabou vencendo. Ironicamente, Wonderwall acabou simbolizando tudo o que a banda evitava artisticamente: pop açucarado, romantismo explícito, e popularidade em massa.

Ainda assim, mesmo que Liam torça o nariz e Noel tente se desvincular, eles continuam a tocar Wonderwall nos shows. Porque sabem: esse é o tipo de música que transcende moda, ironia ou gosto pessoal.

Ela está nos corações. Nas festas. Nos memes. E nos pedidos insistentes de “Toca Wonderwall!” — para sempre.