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Review: Taylor Swift Troca o Sofrimento pelo Sexo e Briga com Charli XCX: ‘Showgirl’ É Um Espetáculo Sem Direção

Taylor Swift sempre foi muitas em uma: poeta torturada, garota do country, vilã pop e, agora, showgirl bilionária. Com The Life of a Showgirl, seu 12º álbum de estúdio, ela parece querer resumir tudo isso em 13 faixas que dançam entre o escapismo fabuloso e o constrangimento performático. Spoiler: funciona… às vezes.

Logo na abertura, The Fate of Ophelia, Swift parece exorcizar todos os traumas do disco anterior (The Tortured Poets Department) em uma faixa só. A ideia? Trocar o luto existencial por lantejoulas e libido. E sim, funciona. Por cinco minutos, é como ver Shakespeare ser remixado por Lana Del Rey num palco de Broadway.

Mas se a promessa era um espetáculo, o palco às vezes fica vazio. Mesmo com a volta de Max Martin e Shellback (parceiros da era 1989), o álbum soa mais seco do que um palco de Vegas depois da ressaca. O instrumental é minimalista, a produção econômica, e o brilho prometido se esconde atrás de batidas sem sal.


✍️ O melhor de Swift ainda está na narrativa

Quando Taylor simplesmente se deixa ser Taylor, o encanto aparece. Em Ruin the Friendship, ela faz o que sabe de melhor: transformar lembranças em relíquias. Um amor não vivido, um corsage murcho, um funeral como epílogo de um beijo que nunca foi dado. É Swift em estado puro: nostálgica, vulnerável e devastadora. Essa é a Taylor que escreveu All Too Well. E a gente sente falta dela.

Mas, do nada, ela vira a esquina em Actually Romantic, um diss-track aparentemente gratuito pra Charli XCX (de novo?), com versos do tipo “isso me deixou… molhada!”, num beat que parece saído de um ensaio da Avril Lavigne com o Weezer. O humor é duvidoso, a intenção confusa. É o tipo de faixa que soa divertida no camarim… mas talvez devesse ter ficado por lá.


🪩 Sexo, fama e Travis Kelce (sim, ele mesmo)

Se Folklore era uma cabana no bosque, Showgirl é uma suíte em Las Vegas com espelhos no teto. Em Wood, sua primeira incursão descarada no disco funk, ela canta sobre o noivo Travis Kelce como quem descobriu que o tight end também joga no quarto. É o tipo de faixa que divide fãs entre “corajosa” e “cafona”. Já Wi$h Li$t, uma paródia rica de Royals, consegue ser autêntica pela simples razão de que… bom, ela pode pagar.

Father Figure é outro ponto curioso: Taylor zombando de seu passado com Scott Borchetta e Scooter Braun ao som de George Michael. “Faço pacto com o diabo porque o meu é maior”, ela canta, empunhando o autoelogio fálico mais inusitado da sua carreira. George Carlin sorriria com cinismo.


🎭 A moral da showgirl: é tudo performance, baby

A faixa final, The Life of a Showgirl, é onde ela finalmente se encara no espelho com um mínimo de gravidade. Com participação de Sabrina Carpenter, Swift canta sobre Kitty, uma veterana do showbiz que a alerta sobre a fama. É uma carta de amor à persona que criou — e um alívio narrativo depois de tanto deboche e glitter.

Na última linha, ela diz: “Sou imortal agora, bonecas.” E a gente acredita. Mesmo que o álbum se perca às vezes, Swift sabe que, mais do que uma artista, ela é uma personagem. E ela escreve o roteiro.


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Nota: 7/10 – Um musical de Las Vegas com alma de Tumblr. Divertido, excessivo e um pouco perdido, mas ainda irresistivelmente Swift.

Taylor não se transformou com The Life of a Showgirl — ela se divertiu. Só que a Taylor que mais nos toca é aquela que sofre por amor, não a que ri das próprias piadas internas. Se você esperava um novo Reputation, talvez se decepcione. Mas se aceitar o convite para um cabaré emocional, com glitter, piadas ambíguas e um pouco de saudade do que já foi, o espetáculo ainda vale o ingresso.