O Brasil estava no ápice da transição da ditadura para a democracia em 1985. O empresário Roberto Medina teve uma ideia inusitada para a época e quis celebrar essa liberdade com um mega festival de rock. Algo de primeiro mundo e nunca antes visto no país, que até então recebia raras atrações internacionais. Era o começo da história do Rock in Rio, um dos maiores festivais do mundo.
No entanto, como tudo na história do Brasil, não seria uma missão fácil convencer os empresários dos principais artistas mundiais e toda a sua desconfiança com o mercado brasileiro. Foram meses de trabalhos intensos da equipe de Medina, que finalmente conseguiu acertar a vinda do primeiro medalhão: Rod Stewart.
Após a confirmação do cantor, as negociações internacionais ficaram mais fáceis e evoluíram rapidamente com o acerto do Scorpions, Iron Maiden, George Benson, Yes, Ozzy Osbourne (que teve que assinar uma inusitada cláusula no contrato, pois na época enfrentava as consequências do bizarro episódio em que mordeu um morcego. A produção do Rock in Rio proibiu o ex-vocalista do Black Sabbath de interagir com qualquer animal – o que foi desrespeitado quando os fãs arremessaram uma galinha no palco. Felizmente, Ozzy apenas acariciou o bicho), dentre outros. Já o Brasil seria representado por Barão Vermelho, Erasmo Carlos, Paralamas do Sucesso, Ney Matogrosso, Kid Abelha, Gilberto Gil e Moraes Moreira, além dos ex-Novos Baianos Pepeu Gomes e Baby Consuelo. Mas a grande cereja do bolo era mesmo o retorno de Freddie Mercury, John Deacon e cia com a segunda visita do Queen ao país.
O line-up quase contou com o Men at Work, que chegou a receber parte do cachê para se apresentar, porém acabou de fora depois que a banda anunciou o fim das suas atividades pouco antes do evento começar. A gravidez de Chrissie Hynde também tirou o The Pretenders da 1ª edição do Rock in Rio. Já o Def Leppard teve que cancelar a participação devido ao grave acidente sofrido pelo baterista Rick Allen durante as comemorações do ano novo. A frustração dos roqueiros só não foi maior porque a produção convidou o Whitesnake para substituir o Def Leppard.
Ney Matogrosso foi o encarregado do 1º show da história do Festival. A façanha foi alcançada em 11 de janeiro. Na mesma noite também se apresentaram Erasmo Carlos, Baby Consuelo, Whitesnake, Iron Maiden e Queen. A partir de então, o público viveu mais 9 dias ininterruptos de música, que culminou com momentos inesquecíveis, como a épica apresentação do Barão Vermelho e o público cantando em uníssono “Love of My Life”, durante a apresentação do Queen. Nenhum dos dois cantores voltaria a se apresentar no Rock in Rio. Freddie morreu seis anos depois, em 1991, ano da segunda edição do festival. Já Cazuza nos deixou em 1990.
O Rock in Rio I recebeu um total de 1,380 milhão de pessoas entre os dias 11 a 20 de janeiro. Foram consumidos 1,6 milhão de litros de bebidas; 900 mil sanduíches; 7.500 kg de massa e 500 mil fatias de pizza. Graças ao entusiasmo, coragem e ousadia do empresário Roberto Medina, o Brasil entrou na rota das grandes atrações internacionais e o público brasileiro ficou mais próximo dos seus grandes ídolos.
A 7ª edição do Rock in Rio acontece entre os dias 15 e 24 de setembro. O line-up apresenta Lady Gaga, Maroon 5, Aerosmith, Guns n’ Roses, The Who, Red Hot Chili Peppers, Bon Jovi, dentre outros nomes. Os ingressos já estão esgotados. Mais informações aqui.