por Natalia Ferri
Já consegui realizar alguns sonhos durante meus trinta e oito anos de vida e muitos deles estão relacionados em poder ver shows de artistas que sempre foram inspirações para mim. Para citar alguns dos meus sonhos realizados em formato de shows dos últimos tempos: Los Hermanos, Ney Matogrosso, Chico Buarque, Black Sabbath, Nação Zumbi, Pitty, Elza Soares, show de despedida da carreira de Milton Nascimento e o show de reencontro dos Titãs, Paralamas, Foo Fighters, Maria Bethânia, Madonna AND Lady Gaga, ambas nas areias de Copacabana junto com mais de dois milhões de pessoas ao meu redor, o show de despedida do Planet Hemp, Marisa Monte cantando ao lado de uma orquestra e o lendário Sir Paul McCartney, show que vi no Maracanã ao lado dos meus companheiros Milton Nascimento (com direito a falar eu te amo e receber um beijo no vento em troca!) e Gilberto Gil (com cara de poucos amigos, rs), entre vários outros.
É sempre muito inacreditável quando conseguimos realizar mais um sonho em nossa vida e, no último final de semana, cumpri mais um, no estádio do Morumbi, em São Paulo. Consegui presenciar um reencontro lendário e quase impossível dos irmãos Gallagher, no sábado e no domingo. Ver o Oasis ao vivo foi como uma experiência extracorpórea, combinada com fatores especiais como estar ao lado do meu marido Tullio, que é fã da banda há tantos anos, além de poder compartilhar isso com milhares de pessoas frenéticas que fizeram a arquibancada do estádio literalmente tremer (nessa hora achei que íamos todos cair e seríamos notícia: “Segundo dia de show do Oasis termina e tragédia com o desmoronamento da arquibancada”). Esse foi um dos motivos pelos quais confesso que adorei o show de sábado, mas AMEI o show de domingo.
Um destaque que preciso fazer são sobre os perrengues que enfrentamos para chegar (e principalmente sair) no local dos shows, tanto pelo quesito viagem eterna de ônibus até São Paulo, com direito a Airbnb liberado somente nos quarenta e cinco do segundo tempo às vésperas do primeiro show começar, quanto pela dificuldade imensa de circular pela cidade devido ao trânsito excessivo, de carros e, sobretudo, de pessoas, na saída do estádio após o fim dos shows.
O que mais me marcou não foi a questão técnica, a qualidade do som, dos efeitos visuais e pirotécnicos, já que o show de fogos ao final dos show foi um espetáculo à parte também, mas a parte emocional de ter vivido isso. Foi algo muito surreal sentir a música causando tantas emoções nas pessoas e em mim, que me senti no alto dos meus (quase) quarenta anos como aquela jovem que escutava as músicas e lia as letras que faziam muito sentido no que eu vivi nessa época. Ouvir Supersonic, Acquiesce (com o destaque para as notas agudas de Noel), Little by Little, Morning Glory, Some might say, Slide Away, entre tantas outras ao vivo, com as vozes inconfundíveis de Liam (com sua rispidez peculiar) e Noel (linda e doce), foi EMOCIONANTE. Alguns momentos foram especialmente emocionantes: quando ouvi Stand by me, cuja letra ressoa demais em mim, pois é algo que atesta a imprevisibilidade da nossa existência, inclusive do que cessa de repente. Nessa hora a emoção tomou muito conta pois lembrei de tantos que já foram e das incertezas da vida. E, num contraponto, quando tocou Live Forever, uma música estranhamente positiva e que declara amor à vida. E ainda terminar o show com uma sequência PERFEITA: Don’t Look back in Anger, Wonderwall, Champagne Supernova. SOCORRO!
Impossível não se arrepiar. Impossível achar que tudo isso foi “normal”. Impossível voltar a viver a realidade após essas experiências. Impossível não ficar revivendo tudo na mente e querer voltar no tempo. Eu só tenho a agradecer ao universo (e aos cartões de créditos do meu marido e meu) por ter podido viver mais esse ÉPICO, APOTEÓTICO, BÍBLICO, INESQUECÍVEL e LINDO SONHO.
E quem venham muitos mais shows, porque se tem uma coisa que me motiva continuar vivendo é sempre poder sonhar.
P.s.: Tullio, meu amor, obrigada por ser meu companheiro de vida e de sonhos. After all, you’re my wonderwall.
Qual será o próximo?

