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Jimmy Kimmel cobra Aziz Ansari por show na Arábia Saudita: “Por que aceitar dinheiro desse regime?”

O Riyadh Comedy Festival mal acabou e já virou um prato cheio para debates acalorados — e quem esquentou o caldeirão dessa vez foi Jimmy Kimmel, ao confrontar Aziz Ansari ao vivo no Jimmy Kimmel Live! nesta segunda (6).

Aziz foi ao programa para divulgar sua estreia como diretor no longa Good Fortune, mas acabou encarando perguntas afiadas sobre sua participação no festival saudita, considerado controverso por acontecer sob um regime acusado de violações graves de direitos humanos, como o assassinato do jornalista Jamal Khashoggi em 2018.


“Por que você aceitou esse dinheiro?”

Sem rodeios, Kimmel foi direto:

“As pessoas estão questionando por que você foi até lá e aceitou o dinheiro para se apresentar para essas pessoas. É um regime brutal. Eles fizeram coisas horríveis. Eu queria saber por que você decidiu fazer isso.”

Ansari respondeu com calma e tentou explicar o dilema ético:

“É algo em que pensei muito. Conversei com minha tia que morou lá por um tempo e ela me disse: ‘Há pessoas naquele país que não concordam com o governo, e associar todo o mal do regime a essas pessoas não é justo.’ Assim como acontece nos EUA.”


Kimmel retruca: “Mas eles assassinaram um jornalista”

O apresentador não se deu por satisfeito e elevou o tom:

“O governo americano faz coisas horríveis, sim. Mas o governo da Arábia Saudita assassinou um jornalista. São pessoas ruins.”

Ansari, por sua vez, insistiu que sua motivação foi levar ideias novas e diálogo a um país de maioria jovem, onde “metade da população tem menos de 25 anos”.

“Esses regimes costumam tentar barrar coisas como rock, comédia, blue jeans… porque isso traz curiosidade sobre valores externos. Achei que um festival de comédia poderia abrir espaço para algo mais. Não é simples. Você precisa escolher: isolar ou engajar.”


Parte do cachê foi doada

Em um gesto conciliador, Aziz revelou que destinou parte de seu cachê para organizações como Reporters Without Borders e Human Rights Watch, destacando que era sua forma de equilibrar a escolha controversa:

“É uma questão complicada, mas senti que estava empurrando as coisas na direção certa. Assim espero.”


Outros nomes no festival: da polêmica ao apoio

O line-up do Riyadh Comedy Festival foi estrelado — e polarizador:

  • Bill Burr chamou a experiência de “ótima” e disse que o povo local “é como a gente”.

  • Dave Chappelle declarou durante seu show:

    “É mais fácil falar aqui do que na América.”

  • A comediante lésbica Jessica Kirson se desculpou por ter se apresentado.

  • Louis C.K. e outros, como Sebastian Maniscalco, Kevin Hart, Chris Tucker, Whitney Cummings e Pete Davidson, também estiveram no festival e defendem sua participação.


Debate em aberto: engajar ou compactuar?

A entrevista viralizou e abriu novamente o debate sobre soft power, ética na cultura pop e os limites da arte em regimes autoritários. Ansari se mostrou reflexivo, mas as críticas continuam: seria o humor um cavalo de Troia democrático — ou apenas mais um produto de entretenimento sendo usado para lavar reputações internacionais?

Você decide.