Se existe um mistério na história do rock que nem o próprio Keith Richards consegue resolver — mesmo depois de décadas, litros de uísque e uma resistência biológica que desafia a ciência — é:
por que Mick Taylor saiu dos Rolling Stones?
Num universo em que a maioria das bandas mal sobrevive ao segundo disco sem tretar por causa de mixagem ou uma namorada em comum, os Stones seguem firmes desde os anos 60. Mas, como toda instituição centenária, passaram por suas fases, suas tragédias e seus turnovers. E um dos mais dolorosos (pelo menos pra Keith) foi a saída repentina do guitarrista que ele mesmo descreve como mágico: Mick Taylor.
“O toque dele, o tom, as ideias melódicas… me deixam maravilhado”, disse Richards, provavelmente segurando um cigarro e uma garrafa, em entrevista resgatada em 2025.
“Nunca entendi por que ele saiu.”
Taylor entrou como um raio e saiu como uma neblina confusa
Mick Taylor chegou à banda após a morte trágica de Brian Jones, o membro fundador que, segundo relatos de Bill Wyman, andava vendo cobras no asfalto e tetos pegando fogo em Los Angeles (sem ajuda de efeitos especiais). Era 1969, o mundo estava em ebulição, e os Stones precisavam de alguém que não confundisse LSD com suco detox.
Taylor entrou e encaixou com Keith Richards como queijo no pão de alho: seus solos melódicos e precisos elevaram álbuns como Sticky Fingers e Exile on Main St. ao panteão da santidade roqueira.
Mas aí, do nada, ele decidiu sair. E até hoje, ninguém — talvez nem ele mesmo — sabe explicar direito por quê.
“Ele sempre foi meio inquieto, desconfortável na própria pele”, disse Keith.
“Eu esperava que ele fosse fazer algo maior, melhor… mas foi uma decisão impetuosa.”
Spoiler: a carreira solo de Taylor não explodiu — mas ele também não morreu tentando
Mick Taylor não virou popstar global, não vendeu milhões de cópias nem lançou um perfume com seu nome. Mas também não entrou numa espiral de colapsos públicos nem virou atração de reality show, o que, considerando os padrões do rock, já é uma vitória.
Ele continuou tocando com dignidade, manteve respeito no meio musical e é tratado como lenda viva por quem tem bom gosto (e discos de vinil em casa).
E então veio Ronnie… porque a banda precisava continuar dançando
Depois da saída de Taylor, os Stones seguiram a vida com Ronnie Wood, que está até hoje ali, firme, sorrindo, tocando guitarra e talvez imortal, junto com Richards. A química com Ronnie foi diferente, mais descontraída, mais suada, mais pub que catedral. E funcionou. Mas aquela fase Taylor-Richards?
Ah… aquilo ali foi poesia em forma de wah-wah.
Conclusão: Keith ainda não entendeu, mas já perdoou (ainda que com mágoa passiva-agressiva)
A real é que Mick Taylor era bom demais para ser ignorado… e talvez sensível demais para durar. Keith Richards, que sobreviveu a tempestades químicas, tour sem fim e até ao próprio fígado, continua sem entender como alguém pode largar a maior banda de rock do planeta no auge.
Mas, como ele mesmo diria, entre uma tragada e outra:
“É isso aí, cara. Ele se foi. E a gente seguiu. Comigo ainda aqui, olhando pra trás e dizendo: que porra foi essa?”